Pular para o conteúdo principal

"Não sabe o imbecil, que da sua ignorância..."!


Sei que muita gente torce o nariz quando o assunto é  Roberto Requião.  Compreensível , pois afinal de contas,  o seu comportamento agressivo e sempre descortês com aqueles que o contrariam causa antipatia e às vezes repulsas. Esse lado  do senador também confesso que não gosto e até lamento, porque não fosse isso ele já teria sido candidato viável a presidente da república. Porém, uma coisa não tem como negar: Requião é de uma consistência ideológica e intelectual impressionante. Sem falar na coragem que ele adiciona à sua condição de um dos grandes oradores do parlamento brasileiro.
Esta semana Requião subiu à tribuna do Senado e fez um discurso que só não teve grande repercussão  porque ele é uma espécie de persona non grata da mídia comercial, a qual não poupa em seus ácidos pronunciamentos.

Pegando como gancho o texto  O Analfabeto Político de Bertolt Brecht , Requião detonou ocupantes das cadeiras no Congresso Nacional, o atual governo , o poder judiciário e setores da sociedade, compostos por analfabetos políticos graduados. A peça oratória é muito forte mas deveria servir como texto de cabeceira para que os brasileiros de bom senso reflitam na cama.
O discurso é longo, mas reproduzo alguns trechos que achei muito fortes e que traçam, na verdade ,  um retrato de ponto grande da sociedade brasileira, começando pela definição do grande pensador alemão:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
Requião se reporta dessa maneira à “república dos analfabetos políticos”:
“Talvez estejamos vivendo hoje um dos momentos mais sombrios  da história do nosso país. Estamos assistindo ao esplendor da ignorância, da desinformação e do obscurantismo”.
“O analfabetismo político não é um privilégio dos iletrados, dos incultos. O analfabetismo político nesses dias tão trevosos da historia do Brasil dá os ares da sua desgraça no Parlamento, no Executivo, no Judiciário, no Ministério Público. Entroniza-se com fanfarras e foguetórios  nas redações da nossa gloriosa mídia comercial”.
“O Senado e a casa ao lado atulham-se de pessoas assim. O Brasil à beira da extinção e essa casa tomada por reivindicações corporativas. O Brasil à beira da extinção e os ocupantes dos assentos dessa casa e da casa vizinha, tomados por parlamentares voltados para o próprio umbigo, cegos para a realidade das coisas. Troca-se um cargo e  uma emenda parlamentar pela soberania do país”.
“Para o analfabeto político pouco importa se vendem as nossas terras e as nossas florestas, se entregam nosso petróleo e nossas riquezas minerais, se arrasam o parque industrial brasileiro”.
“Sob os aplausos da mídia venal, leiloam as hidrelétricas a preços de pipoca, entregando-as, pasmem ó analfabetos, a empresas controladas pelo estado francês, chinês ou italiano. Que se dá a eles, aos analfabetos políticos, se os gastos públicos são congelados por inacreditáveis 20 anos? Se provocam a contração da economia e depois comemoram a queda da inflação e a redução de juros, com uma economia totalmente parada? O que há a comemorar se liquidam direitos e pulverizam conquistas?”
“O Brasil à beira da extinção como nação soberana e os analfabetos políticos com a cabeça enterrada na areia. Os analfabetos políticos graduados não atilam que a grande corrupção, a mãe da corrupção no país é a entrega do país aos interesses imperiais, sempre a preços vil, sempre  sob tramites suspeitos, sempre promovido por gente suspeita, por gente escolada em todo tipo de compra e venda”.
“Ora, senhoras e senhores justiceiros, queridas e queridos, será que não ocorrem às senhoras e aos senhores que são essas pessoas que deveriam estar na cadeia? Pessoas que estão a frente da venda das hidrelétricas, do petróleo, de terra, da floresta amazônica, dos portos, dos aeroportos e das estradas? As senhoras e os senhores acreditam que dessa vez eles  estão agindo honestamente? São os mesmos que agiam ontem, que agem hoje nesse descalabro entreguista. Esta é a maior prova de que o combate a corrupção é apenas um biombo, uma tapadeira, um pretexto deslavado para a submissão total e irrestrita do Brasil à globalização imperial, ao capital financeiro vadio”.
“O analfabeto político está sempre pronto para aderir ao primeiro picareta que surja na esquina desfraldando as bandeiras da moralidade; o analfabeto político adora os administradores (entre aspas) , os “técnicos”, os “empresários” . O analfabeto político tem queda por apresentadores de televisão”.
“O analfabeto político em sua ignorância impermeável  está sempre alerta, eternamente vigilante para apoiar  até mesmo um Luciano Hulke , um Dória ou, talvez até um Alexandre Frota”.
“OH Deus misericordioso! |Senhoras e senhores,  arremato com a parte final do texto de Brecht : `Não sabe o imbecil que da sua ignorância política, nasce a prostituta e o menor abandonado, o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e internacionais`.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Representação absurda

"Os conselheiros do Tribunal de Contas do Paraná julgaram improcedente a denúncia contra o ex-prefeito de Maringá, João Ivo Caleffi (PMDB), e o ex-presidente do Serviço Autárquico de Obras e Pavimentação, Valdécio de Souza Barbosa, oriunda da 2ª Vara Cível. Eles foram acusados de descontar contribuições dos servidores e não repassar de imediato à Caixa de Assistência, Aposentadoria e Pensão dos Servidores Municipais (Capsema) e o Ministério Público queria a devolução do dinheiro e multa. O TCE entendeu que não houve má-fé ou dolo na conduta da prefeitura e do Saop. Na justiça comum, o ex-prefeito também teve ganho de causa". . Do blog do Rigon PS: a representação contra o ex-prefeito e o então presidente do Saop foi feita junto ao Ministerio Publico pela diretoria da Capsema. E sabem por que? Porque em dezembro de 2004, a Prefeitura estava com o caixa vazio e o prefeito precisava pagar o funcionalismo, inclusive o 13º. Aí usou o dinheiro que deveria repassar para a Capsema