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O estado é o réu


A violência surfa na onda da insensatez
                                           

O que está acontecendo no Espírito Santo não é novidade. Onde há ausência do Estado, por meio das forças policiais, responsáveis diretas pela segurança da população, o caos se estabelece, a violência cresce, o medo se amplifica, o reino da barbárie se instala. Não faz muito tempo problemas idênticos em Salvador e em Porto Alegre tomaram conta do noticiário nacional. São Paulo está de vez enquando às voltas com incêndios de ônibus , ondas de assaltos, homicídios. O Rio, então, nem se fala. Vamos lembrar também que faz pouco tempo houve uma explosão da criminalidade em Londrina e também em vários bairros de Curitiba, onde PMs apareceram empurrando viaturas com falta de combustível.

Situações como estas são decorrentes, naturalmente, da ausência da polícia nas ruas e da absoluta falta de políticas públicas de segurança, que possam garantir um mínimo de tranqüilidade para as populações dos grandes e médios centros urbanos. Pior: a ação de quadrilhas de assaltantes de banco e caixas eletrônicos tem se expandido para pequenas cidades e, volta e meia, o noticiário policial dá conta de latrocínios também na zona rural.

O problema não é de hoje, mas as ondas de violência vêm num crescendo assustador. Além de mal aparelhadas, as polícias, sobretudo a Militar, que faz o policiamento ostensivo, é mal treinada e mal remunerada. Na outra ponta, a ponta onde está o pavio da bomba, um sistema carcerário que ao contrário de ressocializar o preso, alimenta com espantosa velocidade a produção de marginais cada vez mais perigosos. A forma desumana como os presos são tratados, geralmente amontoados em celas minúsculas e fétidas, pode ser tomada como a causa maior da violência urbana. Basta ver as estatísticas que apontam: cerca de 70% dos crimes de sangue e contra o patrimônio que ocorrem hoje no Brasil são praticados por reincidentes, geralmente detentos que saíram da cadeia por fuga ou por cumprimento da pena.

Com a violência instalada e a população correndo perigo permanentemente, é preciso que o Estado tome providências urgentes para frear esse trem desgovernado. Isso é urgente. Mas nada vai adiantar se paralelamente  às ações de repressão à criminalidade nas ruas não houver políticas públicas de ataque (em várias frentes) das causas. A começar pela melhoria do sistema prisional, passando pela maior eficiência do judiciário e chegando à implementação de projetos , não de governo, mas de estado, que garantam um mínimo de segurança social às populações carentes.

Não é possível que vamos continuar por muito tempo vendo a elite política do país fazendo sua guerra de babuínos (uns jogando excrementos nos outros) e a elite econômica pensando só em si mesma, ao mesmo tempo em que se empenha no apoio ao desmonte do estado social. Nessa marcha, agora acelerada pelos projetos de reforma do governo Temer, a desigualdade social no Brasil só tende e aumentar. E, claro, a explosão da violência vem na esteira dessa insensatez.



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